A (re)construção de mim mesma: uma jornada de cura e descoberta


Começar este blog é como abrir uma porta para um novo capítulo da minha vida.
Aqui, quero compartilhar não apenas minha experiência como psicóloga e
psicanalista, mas também a jornada que me trouxe até aqui.
E nada mais justo do que começar me apresentando para você que está por aqui,
não apenas como profissional, mas como pessoa. Alguém como você, que também
enfrentou batalhas.

Eu nasci vulnerável, e isso marcou profundamente minha jornada. Um trauma de
parto resultou em uma paralisia no lado direito do meu corpo, e cresci em uma
família que trazia as marcas do genocídio armênio. Na infância e adolescência, me
sentia um peixinho fora d’água, como se meus desejos não coubessem no mundo.
Não via como poderia me realizar como pessoa, mulher e profissional.
Estudei em um colégio de freiras até o colegial.

Foi nesse período que a vida começou a me mostrar outras possibilidades. Um professor de matemática, que era como um paizão, percebeu meu estado de espírito quando eu chegava com os
olhos marejados. Um dia, ele me perguntou o que eu faria no vestibular. Respondi
que talvez Letras, mas ele, indignado, disse que eu era inteligente demais para isso
e deveria cursar Medicina ou Psicologia. Essa conversa foi um divisor de águas.
Sou grata a ele até hoje.

Com uma autoestima destruída, entrei na PUC em 1972, em plena ditadura militar. Lá, em um ambiente politicamente efervescente, comecei a enxergar o mundo à minha volta e participei de movimentos de militância pela saúde mental. Foi também quando iniciei meu trabalho na Prefeitura de São Paulo, antes mesmo do SUS ser implementado. Comecei como estagiária em 1973 e, anos depois,
como psicóloga, conciliando o trabalho no serviço público com meu consultório particular.


A Psicanálise foi minha companheira de transformação. Fui paciente, aluna,
profissional. Entender os traumas, a violência e a destrutividade que vivi – e também
a que provoquei – foi doloroso, mas essencial.

A análise me ajudou a encontrar amor, prazer e, acima de tudo, uma nova narrativa para minha vida. Saí do script de sofredora para construir uma história de batalhadora. Hoje, posso dizer que sou
feliz: com minha profissão, meus amigos, minha família e comigo mesma.


Aos 70 anos, vivo a realização de um sonho: escrever. Minha avó materna, que lia e
escrevia lindamente, foi uma inspiração nesse caminho. Depois de muitos anos
enfrentando frustrações e desafios, hoje participo de grupos de sarau, cinema e
teatro, resgatando prazeres que foram construídos ao longo da vida.

Se há algo que aprendi, é que a maior riqueza que podemos ter é a nós mesmos. É
por isso que meu trabalho como psicóloga e psicanalista é, antes de tudo, um
convite para que você, também, comece sua jornada de reconstrução.

Últimas matérias

× Como posso te ajudar?