Sexo, intimidade e verdade no casamento: o que a gente não diz também afasta

Tem coisas que todo mundo sente, mas quase ninguém fala. E a sexualidade no casamento é uma delas.

Na minha experiência, escuto muitos relatos de homens e mulheres que, no namoro, sentiam atração, desejo, leveza… Mas, depois de casados, começaram a se fechar. Às vezes, o(a) parceiro(a) fazia brincadeiras infantis, dizia coisas que incomodavam. E não sabiam como dizer isso por vergonha, medo de magoar ou por simplesmente não terem aprendido a conversar sobre o que sentem e desejam.

Resultado: o silêncio vira distância. E a vida sexual, que poderia ser viva e criativa, vai ficando xoxa, apagada, até quase inexistente. A intimidade se perde. E, com ela, vai-se embora também a amizade do casal que, aliás, é o que sustenta a parceria em muitos momentos.

Sexualidade se constrói. É uma dança que se aprende juntos, com abertura e disponibilidade. Não existe receita pronta. Mas existe algo que não pode faltar: o diálogo verdadeiro. Falar com respeito, mas sem censura. Dizer “me desculpe, eu me fechei” ou “quando você faz isso, eu me sinto assim”. Verbalizar o que sente, o que precisa. E ouvir também. A intimidade nasce aí.

Mas por que é tão difícil?

Vivemos numa cultura em que tudo é rápido, raso e disponível. Há uma falsa liberdade: todo mundo se beija, mas ninguém se vincula. Existe um medo imenso de se entregar, de criar laços. Ao mesmo tempo, muitos de nós não tiveram modelos saudáveis de troca afetiva. Como então esperar que isso brote espontaneamente no casamento?

As relações exigem trabalho. Exigem presença. A vida dá trabalho, mas se a troca for boa, vale a pena o esforço. Casais que se divertem juntos, que conversam de verdade, que se interessam um pelo outro, vão criando uma cumplicidade que sustenta o desejo e a conexão.

A sexualidade não precisa seguir um padrão. Mas ela precisa ter espaço para existir. E, para isso, o casal precisa investir tempo, olhar e palavra. Não dá para alimentar uma relação viva se a gente só se encontra no automático, no cansaço ou na pressa.

A boa notícia é que sempre dá para construir. Desde que haja disposição. E verdade.

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