O primeiro ano de vida: um alicerce para toda a vida

Nos primeiros meses de vida, um bebê não apenas aprende sobre o mundo ao seu redor, mas também vivencia suas primeiras experiências de segurança, conexão e autonomia. Embora pareça paradoxal, a base para a capacidade de estar só, no futuro, começa a ser construída nesse período inicial de intensa dependência.

Mas como a sociedade pode garantir que esse início seja saudável, tanto para o bebê quanto para a mãe?


A importância do primeiro ano de vida para o desenvolvimento emocional

A teoria psicanalítica nos mostra que a qualidade da presença materna nos primeiros meses de vida influencia diretamente a capacidade da criança de lidar com a solidão no futuro. O psicanalista Donald Winnicott destacou que um ambiente suficientemente bom, onde a mãe ou o cuidador está disponível e responsivo, ajuda o bebê a desenvolver um senso de segurança interna.

As fases no primeiro ano de vida são:

  • Fase da dependência absoluta, até os três meses de vida
  • Fase da dependência relativa, até o sexto mês
  • Fase da capacidade de estar só na presença da mãe
  • Fase do “EU SOU”

Isso tudo acontece dessa forma se a função materna for exercida de forma suficientemente boa. Por sua vez, é fundamental que a figura paterna seja capaz de oferecer apoio emocional à figura materna, para ela se debruçar para atender as necessidades do bebê.

Sem essa base, muitos adultos enfrentam dificuldades em estar sozinhos, desenvolvendo relacionamentos marcados pela insegurança, dependência dos outros e pela necessidade constante de validação externa.

Mas essa não é uma questão apenas individual — ela envolve o suporte que a sociedade oferece às mães.

O desafio da maternidade sem suporte

Apesar da ciência demonstrar a importância desse período, muitas mães enfrentam obstáculos estruturais que dificultam a criação desse ambiente seguro. A demissão após o período de estabilidade na volta da licença-maternidade, a falta de políticas de apoio para o retorno ao trabalho e a ausência de uma rede de suporte (creches, compreensão de chefias, etc) fazem com que muitas mulheres passem por essa fase de forma sobrecarregada e solitária.

Afinal, como esperar que uma mãe esteja emocionalmente disponível para seu bebê se ela precisa lidar com a insegurança financeira, a exaustão e a falta de apoio no ambiente de trabalho? Esse cenário não impacta apenas as mães, mas toda a sociedade.

Precisamos de estrutura social – itens de suporte eficientes

Países que investem em políticas de licença parental mais amplas, redes de apoio psicológico e infraestrutura para a maternidade colhem os benefícios de uma população emocionalmente mais saudável e portanto mais produtiva. Creches acessíveis, flexibilidade no trabalho e programas de acolhimento são medidas fundamentais para que as mães possam exercer seu papel sem precisar escolher entre a maternidade e a carreira.

Se queremos um futuro onde as pessoas sejam emocionalmente mais preparadas, mais amadurecidas e capazes de construir relações mais equilibradas, precisamos começar garantindo que o primeiro ano de vida seja vivido com segurança e amparo, para os pais e os bebês em todas as classes sociais.

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